quinta-feira, 24 de abril de 2008

25 de Abril: Entrevista a Helena Romana


Com o aproximar do dia em que se festeja a Revolução dos Cravos, lançámos o repto a Sra. Helena Romana, Presidente da Junta de Freguesia de Santo Amador, para nos responder a umas questões.


Blog - Como nasceu antes do 25 de Abril de 1974, como recorda o período da revolução?

Helena Romana - Recordo-me do próprio dia. Tinha 5 anos. A minha mãe e a minha avó choravam, porque o meu tio vivia na zona da grande Lisboa e elas temiam por ele.
Os primeiros tempos de LIBERDADE foram de euforia; todos acorreram em massa às urnas; todos participavam activamente, quer na vida politica quer nos problemas da sociedade em geral; o nível de vida melhorou em pouco tempo; havia emprego para todos; havia alegria; havia esperança.


B. - A revolução trouxe o poder ao povo. Do seu ponto de vista, será que o povo ainda mantém o poder?

H. R. - O maior poder colectivo foi o direito ao voto.
Para as mulheres foi decisivo o direito à igualdade em relação ao homem, o que, progressivamente veio dar-lhes mais poder e autonomia.
Com a revolução o povo obteve sobretudo direitos, que a maioria, não julgavam possíveis ou nem imaginavam vir ter (horário laboral, férias, subsidio de desemprego, direito à saúde, direito a expressar-se livremente, etc.).
Ao longo destes anos, aos poucos alguns desses direitos foram subtilmente sendo rectificados em prol duma sociedade mais capitalista.


B. - O que foi feito durante estes 33 anos, que não devia ter sido feito? E o que não foi feito durante estes 33 anos, que deveria ter sido feito?



H. R. - Aos poucos cresceu um país a duas velocidades: litoral e interior; ricos e pobres.
Os salários baixaram, o desemprego aumentou, começaram a faltar oportunidades para os jovens, aumentou o fosso entre ricos e pobres e, estas questões estruturais parecem estar em segundo plano para os nossos governantes, pois, de ano para ano o poder de compra vai sendo reduzido, sem uma solução de fundo à vista.
Todo o interior sofre com a desertificação. No litoral temos pré-fabricados como escolas, a abarrotar de crianças; no interior, temos edifícios escolares a fechar anualmente. O mesmo caminho das escolas no interior, seguem os Postos da GNR, da PSP, dos Correios, os SAP, etc.
A Regionalização faria todo o sentido para um desenvolvimento sustentado em Portugal.


B. - A democracia faz-se todos os dias... Mas a maioria pensa que é fazer um "X" nas eleições, e o resto do tempo, os outros que resolvam os problemas. Do seu ponto de vista, como é que se pode inverter esta situação?

H. R. - Com estabilidade e crescimento. Estes dois factores propiciam um maior nível cultural, por conseguinte, uma maior participação activa da sociedade em todas as vertentes politicas e sociais.



B. - O que fez trocar uma vida sossegada e contrariar a tendência, isto é, participar activamente na comunidade?

H. R. - Para mim A Natureza é Minha Mestra e ela ensina-me (ensina-nos) muito, dou-vos um exemplo: Verde e a crescer ou maduro e a apodrecer. Podemos estar verdes (sabemos tão pouco!) e a crescer (aprendendo todos os dias) até ao final da nossa vida.
Esta é a minha forma de olhar e de estar na vida.
Por isso e porque gosto muito da minha terra, aceitei este desafio. Cansativo e preocupante... mas ao mesmo tempo estimulante e compensador. Sinto que estou a cumprir um dever para com Santo Amador.



B. - Qual é a mensagem que deixa aos visitantes do blog sobre esta data?

H. R. - LIBERDADE: Condição do ser que pode agir livremente, isto é, consoante as leis da sua natureza, da sua fantasia, da sua vontade; poder ou direito de agir sem coerção ou impedimento; poder de se determinar a si mesmo, em plena consciência e após reflexão, e independentemente das forças interiores de ordem racional; livre arbítrio; personificação das ideias liberais; tolerância; ousadia; licença, desassombro, franqueza; deliberação, imunidades; regalias; atrevimento (de consciência); direito de professar as opiniões religiosas ou politicas que se julguem verdadeiras.

VIVA O 25 DE ABRIL

Cumprimentos... Ou melhor um beijinho para todos os que têm Santo Amador no coração.

Sem comentários: