Quando eu vim para os “Barranquinhos”,
Viviam tão pobrezinhos,
Que até bebiam água em qualquer fonte;
Agora é vinho e cerveja
E vamos fazer uma Igreja
E temos dinheiro aos montes.
Viva lá Sr. Godinho
Eu dou-lhe toda a razão,
Eu trabalho aqui sozinho
Sou o mestre do carvão.
No Inverno não faço nada,
Trabalho muito no Verão,
Estou farto de madrugadas
E têm-me atirado pazadas
A ver se arranjo algum melão.
Viva lá Sr. Domingos
Mais o compadre Manel,
Amanhã venham cedinho,
Não se percam no caminho
Temos que ir tirar o mel.
Quando estava cá o Grenhas,
Esta aldeia estava morta,
Agora aqui já não há senha
Temos fartura de lenha
E comemos aqui da horta.
Aqui não temos fascistas
Mas temos muito dinheiro,
Temos aqui bons artistas
Eu sou o mestre cadeireiro.
Eu vivo em casa sozinha,
E fui boa trabalhadeira
Como sou boa vizinha ,
Vou passar pra cozinheira.
Eu sou o homem da escrita,
É a minha profissão,
Tenho uma vida bonita
E bebo vinho e como pão
Mas bebo vinho a cachão.
Autor - Francisco Ventura Póvoa
Poema que integra o livro "Memórias - Poesia Popular" editado pela ADASA - Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental de Santo Amador, em Outubro de 2001
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