terça-feira, 21 de agosto de 2007

Meu Alentejo



Aqui estou, sentada, a olhar a paisagem sem relevo da planície alentejana, com os seus encantos particulares cheios de monotonia, a recordar a minha infância.

Aqui estou, no Monte dos Bispos, onde a planície é cruzada por velhos caminhos de terra batida, onde ninguém passa, onde nada acontece.

Olho e vejo no horizonte uma árvore sozinha, no confim da paisagem. A planície dorme, inerte, dourada pelo sol, esperando angustiada a clemência do Outono. As sementes germinam de um solo adormecido, esbatido de cores quentes, onde as papoilas são rubras e os malmequeres preguiçosos.

Ouvem-se leves sussuros de abelhas e libelinhas que teimam a acariciar as espigas de oiro cansadas do calor na hora da calma.

Aqui estou, sob este sol abrasador de Agosto, a contemplar a Aldeia de Santo Amador, caiada de branco, que desperta em mim aquela emoção de regresso, mas ao mesmo tempo, com o seu fundo de nostalgia.

Aqui estou, passados muitos anos, num ambiente de tranquilidade e de paz.
O tempo passa devagar, há uma miscelânea de cheiros que alimentam o espírito, há uma mistura de beleza e sossego, há melodias que se recordam, murmuradas pelos cantares cadenciados, por ranchos de homens de braço dado.

Ao longe, do alto da torre da igreja, os sinos assinalam calmamente as três horas da tarde. De corpos lânguidos, algumas ovelhas procuram sombras inexistentes.

Aqui, sentada, a minha vista alcançou uma paisagem que me despertou memórias e recordações.

Meu Alentejo, transmites-me a paz, a tranquilidade de um campo sereno.
Meu Alentejo, és a imensidão, a grandiosidade de um país pequeno!




Autora: Cristina Seita

1 comentário:

Rui Seita disse...

Está lindo!!!
O que escreveste é o que vai na alma de todos os que passaram por aquele monte.
Obrigado prima!!
Um beijo grandeee..
Rui Seita